Quem sou eu

Minha foto
Sou professora da ECI/UFMG e meu objetivo para este Blog é criar um canal de comunicação alternativo com meus alunos e amigos reais e virtuais... :)

quinta-feira, 11 de março de 2010

SALVE O BIBLIOTECÁRIO E QUE VIVAM AS BIBLIOTECAS REAIS E VIRTUAIS

Vida de Bibliotecário

Vida de bibliotecário, para aqueles que desconhecem a missão, a natureza do trabalho e as atribuições que cabem a esse profissional na sociedade, pode ser entendida ou estereotipada como limitante, singela, monótona e desprovida de desafios.
Em determinados contextos sociais em que a educação não constitui prioridade de ações efetivas que motivem ou possibilitem o desenvolvimento pleno, ideal das pessoas ou das comunidades, a vida das bibliotecas e, em conseqüência, a dos bibliotecários vê-se constantemente atingida por desafios e lutas.

O bibliotecário, quando disposto e preparado para exercer bem os seus diversos papéis, incluindo o de agente de mudança social, deve integrar as funções da biblioteca e da informação às demais ações vitais da sociedade.
É de consenso universal que a informação se constitui em insumo básico para a geração de conhecimentos e que pode auxiliar soluções de problemas que afligem o homem ou as organizações integrantes da sociedade. Mola propulsora de desenvolvimento pessoal e organizacional, a informação, do mesmo modo, é matéria prima fundamental do trabalho cotidiano do bibliotecário, a quem cabe conhecer profundamente os seus diversos suportes, canais de veiculação, tipologia e características das mais diversas fontes de informação nacionais e internacionais para realizar atividades inerentes a sua profissão. Atividades estas que envolvem a identificação, seleção, tratamento, conservação preventiva, disseminação e maximização de uso das informações organizadas e disponíveis nas bibliotecas contemporâneas reais ou eletrônicas.
Vida de bibliotecário envolve, portanto, a sensibilidade e o preparo adequado para atuar, em síntese, nos planos gerenciais e estratégicos, pedagógicos, técnicos, metodológicos, sócio-políticos e culturais da sociedade.
Os registros do conhecimento humano e as formas de comunicação evoluíram. Talvez aí esteja a pista de novas possibilidades, de abertura de campos emergentes para inserção do bibliotecário a quem, ao longo da história, sempre coube a função de identificar, selecionar, organizar e disseminar informações. Os avanços tecnológicos propiciam a concretização de instrumentos que podem facilitar ou impedir a evolução de seu trabalho e de sua forma de executá-lo. Acompanhando a evolução do mercado de informação, com postura crítica perante não apenas a este mercado, mas diante de sua inserção individual e coletiva na sociedade, a tendência do profissional bibliotecário é sobreviver e progredir.
Em 1945, em artigo clássico de sua autoria intitulado “As we may think,” Vanevar Bush já previa a necessidade do "indicador de pistas. Pessoas que tem prazer em encontrar pistas úteis no enorme volume do registro comum". Estaria prevendo a necessidades de bibliotecários e/ou profissionais da informação para gerenciar o caos de informações não organizadas? O volume e variedade de informações disponibilizadas atualmente pela Internet que, paradoxalmente, podem representar uma séria dificuldade para seus usuários, constituem campo fértil e promissor para aqueles profissionais que dominam tecnologias de organização e de tratamento da informação.
Acredito que sua missão deverá centrar-se na utilidade social das bibliotecas ou unidades de informação (reais ou virtuais, independentemente de sua tipologia) e na contribuição pessoal que poderá prestar, através de suas atribuições formais, ao desenvolvimento de pessoas e organizações que necessitam de informação para desenvolver o seu trabalho, solucionar seus problemas, praticar o lazer e entretenimento, entre outras ações.
Concordo com autores, entre eles, Guinchat e Menou, os quais defendem, em sua obra “Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação” que não existe um novo profissional da informação, e sim o profissional da informação lidando com novas tecnologias e com novos contextos de organização das empresas e das entidades públicas, interagindo com novas formas de gerenciamento, de planejamento, de avaliação de resultados.
Até a época da chamada "era industrial", a comunidade ia "fisicamente" às bibliotecas. Hoje, era da tecnologia, da informação e do conhecimento, as bibliotecas, mais do que nunca, precisam ir à comunidade, o que pode ser viabilizado e facilitado através da gama enorme de instrumentos de comunicação, decorrentes de avanços da ciência e da tecnologia.
As bibliotecas atuais e do futuro devem ser compostas de materiais reais e virtuais, possibilitando formas diversificadas de acesso ao conjunto de recursos informacionais internos e externos. O ponto básico a ser considerado pelos bibliotecários e outros profissionais de informação não deve ser a tecnologia por ela mesma, mas a possibilidade de intermediar acesso à informação de forma mais ágil, eficiente e eficaz e de atender necessidades de pessoas, inclusive promovendo o seu papel de bibliotecário educador, levando-as ao letramento, alfabetizando-as e dotando-as de competência informacional. Sua missão deverá centrar-se na utilidade social de seu trabalho, isto é, na contribuição que puder dar, enquanto agente mediador entre necessidades de informação de usuários que buscam ou que esperam que a biblioteca possa atendê-los, interferindo positivamente no processo de crescimento, de desenvolvimento de seres humanos.
O futuro da profissão e das bibliotecas parece claramente condicionado às respostas que profissionais e instituições puderem dar aos anseios e demandas das sociedades de seu tempo e do futuro. Cabe ao bibliotecário, e aos profissionais de informação de modo geral, zelar pelos destinos de sua profissão e pelas oportunidades de ampliação de seus espaços de trabalho no mundo real e no ciberespaço.
Júlia Gonçalves da Silveira
Professora Adjunta do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da ECI/UFMG

Nenhum comentário: