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Sou professora da ECI/UFMG e meu objetivo para este Blog é criar um canal de comunicação alternativo com meus alunos e amigos reais e virtuais... :)

terça-feira, 2 de abril de 2019

MEDALHA PROFESSORA ETELVINA LIMA 2019


 Sinto-me muito honrada, feliz e agradecida por ter sido a bibliotecária mineira agraciada com este maravilhoso prêmio:


 “Medalha Professora Etelvina Lima - 2019”




Minas Gerais:
Categoria Pessoa Física:

Em Minas Gerais a mais votada para essa categoria foi à bibliotecária Júlia Gonçalves da Silveira, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (1979)  mestre (1991) e doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Atualmente é professora adjunta aposentada na Escola de Ciência da Informação da UFMG.
Sua indicação para concorrer à Medalha está relacionada à sua atuação como bibliotecária/documentalista  no Sistema de Bibliotecas Universitárias da Universidade Federal de Minas Gerais, onde foi responsável pela implantação do  Portal de Periódicos da CAPES. Além disso, foi precursora do tema de acessibilidade.em bibliotecas universitárias.



Informações retiradas do blog do Conselho Regional de Biblioteconomia - 6a. Região. - CRB-6.
Acesso em: 02 abr. 2019




terça-feira, 12 de março de 2019

REFLEXÕES SOBRE A PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO



REFLEXÕES sobre a profissão de BIBLIOTECÁRIO
Júlia Gonçalves da Silveira*
Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos ecológicos, naquele conjunto precário de situações que as tornam possíveis e, quem sabe, necessárias. Destruído esse habitat, a vida vai se encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundo da terra, até sumir. (RUBEM ALVES, 1985).
A profissão de bibliotecário, para aqueles que desconhecem a missão, a natureza do trabalho e atribuições que cabem a esse profissional na sociedade, pode ser entendida ou estereotipada como limitante, singela, monótona e desprovida de desafios. Em determinados contextos sociais, notadamente naqueles em que a educação não constitui prioridade que motive ou possibilite o desenvolvimento pleno e ideal das pessoas, das organizações sociais ou das comunidades, a vida das bibliotecas e, em consequência, a dos bibliotecários, vê-se atingida por desafios e lutas de sobrevivência.
O bibliotecário, quando disposto e preparado para exercer bem os seus diversos papéis, incluindo o de agente de mudança social deve integrar as funções da biblioteca e da informação às demais ações vitais da sociedade. É consenso universal que a informação se constitui em insumo básico para a geração de conhecimentos. Ela pode auxiliar em soluções de problemas que afligem o homem e as organizações integrantes da sociedade. Mola propulsora de desenvolvimento pessoal e organizacional, a informação é matéria-prima do trabalho cotidiano do bibliotecário, a quem cabe conhecer profundamente os seus diversos suportes, canais de veiculação, tipologia e características das mais diversas fontes de informação nacionais e internacionais para realizar atividades inerentes a sua profissão. Atividades que envolvem identificação, seleção, tratamento, conservação preventiva, disseminação e maximização de uso das informações organizadas e disponíveis nas bibliotecas contemporâneas reais ou eletrônicas.
Os registros do conhecimento humano e as formas de comunicação evoluíram. Talvez aí esteja a pista de novas possibilidades, de abertura de campos emergentes para inserção do bibliotecário, a quem, ao longo da história, sempre coube a função de identificar, selecionar, organizar e disseminar informações.
Os avanços tecnológicos propiciam a concretização de instrumentos que podem facilitar ou impedir a evolução de seu trabalho e de sua forma de executá-lo. Acompanhando a evolução do mercado de informação, com postura crítica em relação não apenas a esse mercado, mas diante de sua inserção individual e coletiva na sociedade, a tendência do profissional bibliotecário é sobreviver e progredir.
Em 1945, em artigo clássico intitulado As we may think, Vanevar Bush já previa a necessidade do “indicador de pistas, pessoas que têm prazer em encontrar pistas úteis no enorme volume do registro comum”. Estaria prevendo a necessidade de bibliotecários e/ou profissionais encarregados de gerenciar o caos de informações não organizadas? O volume e a variedade de informações disponibilizadas pela internet que, paradoxalmente, podem trazer sérias dificuldades para seus usuários, constituem campo fértil e promissor para aqueles profissionais que dominam tecnologias de organização e de tratamento da informação.
Interferir e auxiliar em processos de formação de competência informacional é, a nosso ver, uma das funções mais nobres dos bibliotecários, pois seu trabalho envolve a educação de usuários de informação, instruindo-os e auxiliando-os em processos de formação de habilidades para o uso adequado, bem como na avaliação de conteúdos constantes do universo informacional.
Acredito que sua missão deverá centrar-se na utilidade social das bibliotecas ou de unidades de informação reais ou virtuais, e na contribuição pessoal que poderá prestar ao desenvolvimento de pessoas e organizações que necessitam de informação para preparar seu trabalho, solucionar problemas, praticar o lazer e entretenimento, entre outras ações.
Concordo com autores, como Guinchat e Menou, que defendem em sua obra Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação que não existe um novo profissional da informação, e sim o profissional da informação que lida com novas tecnologias e com contextos de organização das empresas e das entidades públicas, interagindo com outras formas de gerenciamento, planejamento e avaliação de resultados.
Durante a chamada “era industrial”, as pessoas iam “fisicamente” às bibliotecas. Hoje, na era da tecnologia, da informação e do conhecimento, as bibliotecas, mais do que nunca, precisam ir à comunidade, o que pode ser viabilizado por meio de gama enorme de instrumentos de comunicação. As bibliotecas atuais devem ser compostas de materiais reais e virtuais e adotar formas diversificadas de acesso ao conjunto de tecnologias e recursos informacionais internos e externos. O ponto básico a se considerar não deve ser a tecnologia em si mesma, mas a possibilidade de intermediar acesso à informação de forma mais ágil, eficiente e eficaz e de atender necessidades de pessoas, inclusive promovendo o seu papel de bibliotecário-educador, levando-as ao letramento, alfabetizando-as e dotando-as de competência informacional.
Sua missão deverá centrar-se na utilidade social de seu trabalho, na contribuição como agente mediador de necessidades de informação de usuários que buscam ou esperam que a biblioteca possa atendê-los, interferindo positivamente no processo de crescimento dos seres humanos.
O futuro da profissão e das bibliotecas parece claramente condicionado às respostas que profissionais e instituições puderem dar aos anseios e demandas das sociedades de seu tempo e do futuro. Cabe ao bibliotecário contemporâneo zelar pelos destinos de sua profissão e pelas oportunidades de ampliação de seus espaços de trabalho no mundo real e no ciberespaço.
*Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação da Escola de Ciência da Informação da UFMG (agosto de 2006 a dezembro de 2017).
*Bibliotecária/Documentalista da Universidade Federal de Minas Gerais (agosto de 1982 a julho de 2006).

OBS.: Compartilho este texto que publiquei no Boletim da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2011. Reafirmo o que penso sobre a temática, em foco, e acrescento a minha preocupação no sentido do papel social que deve ser assumido com muito vigor e responsabilidade pelos bibliotecários, profissionais da informação, no contexto nacional e internacional, de modo a contribuir e lutar pela manutenção e desenvolvimento de instituições sociais e educacionais, a exemplo das universidades públicas e gratuitas, organizações culturais, institutos de pesquisa, entre outros órgãos similares. Inquestionavelmente, neles ocorrem a geração de conhecimentos, o ensino, a educação, as pesquisas, a produção técnico-científica, responsáveis pelo literal desenvolvimento científico, tecnológico e social dos países, de modo geral e, em consequência, dos povos que neles habitam... 
Acesso em: 12 mar. 2019.